quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Artemosfera começa a tomar forma

Começam a chegar nesta quinta-feira as primeiras obras do Artemosfera, iniciativa que vai levar arte às ruas de Porto Alegre, propondo a preservação do espaço público e uma nova postura com relação à cidade. Espalhados pela Capital, os trabalhos iniciais contemplam mobiliário urbano com mensagens positivas na Praça da Encol, a derrubada imaginária do Muro da Mauá e uma releitura do Laçador, entre outros.
Algumas instalações já podem ser vistas em pontos de grande movimentação, e outras estão programadas para serem inauguradas em mais duas etapas, em dezembro (veja no fim da matéria o calendário do que vem por aí), com a participação de cerca de 60 criadores, entre artistas plásticos, arquitetos, publicitários, decoradores e estilistas.
— Convidados diversificados são também parte da ideia. O Artemosfera é feito por e para seus próprios moradores. Não vem de fora, ele nasceu aqui — define o curador Cézar Prestes.
Passeio pela criatividade
Quem anda por Porto Alegre já deve ter notado uma movimentação diferente em determinados pontos. Projetos envolvendo praças, avenidas e até o Muro da Mauá, que começaram a ser erguidos nos últimos dias, tomam forma definitiva a partir de hoje, quando chegam às ruas as primeiras obras do Artemosfera.
Iniciativa pioneira no Estado, o circuito de arte urbana envolverá dezenas de criadores, que espalharão instalações por pontos movimentados da Capital tentando captar não apenas a atenção do público, mas estimular o debate sobre o próprio espaço que ele ocupa.
Para o curador da mostra, Cézar Prestes, o objetivo principal do Artemosfera é criar consciência com relação ao espaço público e ao mesmo tempo valorizar a cidade.
— Tocamos em temas caros para os moradores, como uma praça abandonada, um muro que não deveria estar lá, o transporte público. Serão dois meses de um grito com cores, humor, criatividade. Além de tudo, vai tornar a cidade mais bonita e abrir debates.
Um desses debates já pode ser dado como certo, como no caso da obra de Leandro Selister. Por cima de uma estrutura de MDF, o artista cobrirá 45 metros do Muro da Mauá com uma vista das águas do Guaíba que hoje é inexistente, dando a sensação de que a parede de concreto foi derrubada naquele trecho.
— É uma vista que todo mundo deseja e à qual só se tem acesso na Feira do Livro ou na Bienal. Durante esses períodos, fala-se em derrubar o muro, lembram do projeto do Puerto Madero em Buenos Aires, então pensei em algo mais simples e direto — explica Selister.
Leonid Streliaev também espera reações ao seu Laçador de braços abertos e de cores fortes, misto de Cristo Redentor com a estética de Andy Warhol. A imagem será posicionada nos dois lados da passarela que liga o aeroporto à estação da Trensurb sobre a Avenida dos Estados.
— O pobre do Laçador está de braços fechados faz 50 anos, enquanto o Cristo, no Rio, esbanja simpatia a todos.
Outras obras, no entanto, são feitas para suspirar em meio ao caos. Raul Hilgert desenhou linhas curvilíneas com grama preta nos taludes do Túnel da Conceição, evocando tranquilidade e fluência numa região de tráfego ininterrupto. No Largo Glênio Peres, Eduardo Vieira da Cunha trouxe de volta, em placas de cerâmica, os velhos bondes que um dia percorreram Porto Alegre.
Prestes reitera essa característica da proximidade entre obra e público presente nas instalações do Artemosfera como parte do projeto:
— Estamos entrando em recantos que fazem parte do cotidiano das pessoas, então é quase um convite para que elas também façam a diferença e não sejam apenas espectadoras.
O circuito de arte urbana Artemosfera tem patrocínio de Chevrolet, Zaffari, Braskem e TIM, apoio de Tintas Renner e prefeitura de Porto Alegre. A realização é do Grupo RBS.

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