quarta-feira, 27 de julho de 2011

Aluno da escola Lauro Rodrigues é destaque no atletismo



Ao 15 anos, o aluno Matheus também é atleta da Sogipa

Quem entra na turma C22 do segundo ano do terceiro ciclo da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lauro Rodrigues, no bairro Jardim Ingá, logo percebe a presença do estudante Matheus Fonseca Cunha. Aos 15 anos, o garoto não chama a atenção apenas pelo seu 1m82cm de altura, muito acima da média de seus colegas, mas também pela vida que tem fora da instituição.
De família humilde, há um ano Matheus é atleta da Sogipa, especialista nas provas de salto triplo e salto à distância. No último campeonato gaúcho adulto, por exemplo, realizado no início de julho, conquistou o quarto lugar nas provas, mesmo enfrentando atletas profissionais. Além disso, sagrou-se vice-campeão no decatlo, no qual competiu quase por acaso, por lesão de um companheiro de clube. “É um menino com muito potencial, não fosse assim nem perderia meu tempo com ele. Tem tudo pra dar certo, desde que não saia da linha”, afirma José Haroldo Gomes Loureiro, o “Arataca”, treinador de renome no atletismo gaúcho e brasileiro, responsável por acompanhar Matheus na Sogipa, onde o garoto treina pela manhã, de segunda a sábado, antes de ir para a escola , onde estuda à tarde.

Na Lauro Rodrigues desde o início do ano, o estudante só teve a sua carreira de atleta descoberta ao oferecer números de rifa a professores e colegas. O dinheiro arrecadado, R$ 350,00 era necessário para custear as passagens de ida e volta para São Paulo, onde Matheus disputará um campeonato nas próximas semanas. “Não sabíamos dessa história de vida, mas, desde então, estamos fazendo todo o possível para ajudá-lo. Além de bom atleta, é um ótimo aluno, educado, esforçado, simpático, atencioso com os demais. Só recebe elogios nos conselhos de classe”, afirma o diretor Sílvio Capaverde.

Por mais de seis anos, Matheus foi jogador de futebol, tendo atuado no São José, no Grêmio e no Internacional, clubes nos quais passou nos processos de seleção, as conhecidas “peneiras”. “Eu sempre fui de ir atrás das coisas, não posso perder oportunidade”, diz ele. Porém, ao ser reprovado em Língua Portuguesa no seu antigo colégio, recebeu como castigo deixar o futebol, a sua paixão até então, para que se concentrasse em sua formação. “Uma vez apareceu um empresário que me propôs que eu abandonasse os estudos e focasse só no futebol, que ele me sustentaria. Meu pai e eu nem demos conversa pra ele”, conta.
Depois disso, em uma visita de um professor do Centro Humanístico Vida a sua antiga escola, Matheus foi convidado a tentar a sorte no novo esporte, pelo seu físico apropriado para a modalidade. De lá, em três meses foi recrutado pela Sogipa, que acreditou no seu potencial. No atual clube, Matheus recebe ajuda com passagens de ônibus e almoços, que também são oferecidos na Lauro Rodrigues. Suas outras necessidades, porém, dependem da boa vontade de pessoas próximas. “É um garoto de família carente, temos que ajudá-lo em quase tudo”, afirma o treinador. O próprio Matheus lembra de uma situação curiosa. “Em um campeonato que durava o dia inteiro, toda a equipe saiu pra almoçar e eu não fui. Aí o professor Arataca me perguntou o porquê, eu respondi que não tinha dinheiro e ele me deu dois vales-refeição”, relembra.

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